quarta-feira, 6 de junho de 2012

Violência Psíquica Virtual e o Papel da Família

É inegável que a internet é de grande importância na atualidade. Ao mesmo tempo, é muito comum encontrar pais de crianças e adolescentes inseguros sobre como agir em relação ao acesso à internet para seus filhos.
Pensando em questões de família, há um fator geracional que pode trazer problemas de hierarquia, uma vez que é comum que os filhos tenham mais conhecimento e habilidades na web do que seus pais. É essencial que o diálogo seja uma ferramenta sempre presente, para que os pais possam alertar os filhos quanto aos riscos que a facilidade de acesso a tecnologias apresenta, e também para que crianças e adolescentes tenham mais segurança em seu acesso, evitando exposições inadequadas para sua idade, assim como outras formas de violência.
Existem programas para controle parental que filtram o que o filho pode ver ou instalar, os pais podem monitorar o que o filho acessa. São programas que podem ter seus filtros burlados se o filho tem conhecimento sobre proxies, e por esta razão repetimos a importância do diálogo antes do “controle”. O jovem precisa entender este monitoramento como uma forma de proteção, e não como uma espionagem, e os pais precisam respeitar a privacidade dos filhos.
O ideal é que haja uma inclusão digital de toda a família, de forma que se crie uma cultura de proteção e uso ético da rede.
Existem alguns cuidados importantes a serem tomados: o jovem precisa intercalar atividades físicas, de lazer, passeios com a família, leitura de livros, etc., ao uso da internet; a família deve estar atenta à classificação etária dos jogos de preferência dos filhos, bem como se há violência ou cenas impróprias; durante momentos em família é importante que equipamentos digitais estejam desligados para valorizar a interação entre os membros da família.
Existem diversas formas de violência virtual: troca de mensagens violentas, envio de ofensas, ameaças, publicação de vídeos agressivos, expulsão de adolescentes de um grupo, invasão de e-mail, identidade falsificada, roubo de perfis, ciberbullying, sexting, entre outras. Existem locais para fazer a denúncia, um deles é o Disque 100 (para fazer denúncia de qualquer violação de direitos humanos), e outra opção é a Safernet (Central Brasileira de Crimes Cibernéticos <prevenção@safernet.org.br>).
Em geral é alto o nível de estresse nas vítimas de violência psíquica virtual. Estas crianças ou adolescentes apresentam sintomas físicos, psicossomáticos e emocionais, e é importante que os pais estejam atentos a estes sinais. É fundamental que possam buscar ajuda especializada para seus filhos nestes casos, bem como ajuda na área legal para fazer a denúncia.
Com base nestas informações, fica clara a importância do diálogo na família. Desta forma os pais estarão mais seguros em relação a seu papel, e os filhos em mais protegidos de ameaças e violência virtual.

Betina Casanova Forgearini[1][2]



[1][1] Texto baseado em matéria da Revista Psique (Editora Escala), edição nº 76, pela psicóloga Ana Maria de Albuquerque Lima.
[2] Psicóloga, psicoterapeuta individual, de casal e família. Membro do Núcleo de Produção Científica – DOMUS.


Família e Drogadição

O indivíduo pertence, desde o seu nascimento, a um contexto social que, na grande maioria dos casos, é a família. É nessa unidade social que o ser humano vivencia as primeiras relações de amor, que aprende a amar e ser amado, a expressar seu afeto, a entender o que é confiar no outro. É nela que deposita suas angústias e ansiedades, buscando o amparo para seus momentos de dor.
Inicialmente, os estudos sobre dependência química focalizavam no indivíduo, não levando em conta a importância e o envolvimento da família neste processo. Atualmente, considerando-se que a etiologia da dependência química é multicausal e que a maior parte dos usuários mantêm vínculos familiares, torna-se necessário associar a prevenção ao uso de drogas com o contexto familiar. Para que o usuário mude seu comportamento, o sistema familiar deve mudar. Desta forma, é essencial que o tratamento da dependência proporcione uma mudança no meio ambiente do usuário. O tratamento que modifica um indivíduo deve produzir também efeitos sobre seu sistema interpessoal. Se não ocorre a mudança neste sistema, diminuem as probabilidades de cura, pois poderá haver uma pressão considerável sobre este membro para que retorne à situação anterior.
É fundamental que a família participe ativa e funcionalmente, tornando-se competente em buscar recursos para efetivar a prevenção e/ou constituindo uma fonte de ajuda no tratamento da dependência, a fim de que este processo se torne mais eficiente e produtivo.
A participação da famííla no tratamento favorece a adesão do dependente ao tratamento, propicia mudanças de comportamento, evita recaídas, aumenta os períodos de abstinência e melhora a relação famíliar. Estudos realizados em várias partes do mundo apontam para a necessidade da conscientização da família como parte integrante no processo do uso de substâncias e, por essa razão, integrante também do processo de mudança e recuperação, além de poder exercer uma prevenção contínua e evolutiva através de laços familiares fortes e seguros.
                                                                                                                        
Helena Centeno Hintz [i][ii]


[i]Texto completo encontra-se no Boletim IPPAD – maio 2012 ou no site www.domusterapia.com.br - Núcleos de Estudo: Família e Drogadição 

[ii] Psicóloga, psicoterapeuta individual, de casal e família. Membro da Coordenação do DOMUS – Centro de Terapia de Casal e Família. Editora da Revista Pensando Famílias. Presidente da Associação Gaúcha de Terapia Familiar- gestões 2002/2004; 2008/2010. Associada do IPPAD.