quinta-feira, 29 de maio de 2014

Filme: Alabama Monroe

        Sabe aqueles filmes que são completos em termos das sensações que oferecem? Riso, choro, revolta, surpresa, enfim, emoções à flor da pele. Este filme é assim, é um drama, conta a história de amor de um casal, a forma como se conheceram, como construíram sua família e o desfecho que se deu. Em termos da complexidade humana, é um prato cheio para uma análise psicológica, além de outros assuntos, fala principalmente do drama de cuidar de um filho doente, da angústia do tratamento e da perda. Mostra como um casal enlutado lida com essa situação e o quão difícil é de continuar a vida com essa perda, que neste filme, é irremediável e fatal.
        Ao mesmo tempo em que traz um assunto pesado e difícil, nos delicia com uma boa música, com cenas quentes de amor, além de mostrar de forma genuína, o afeto de uma família e a luta para preservá-la. São cenas envolventes, nas quais demonstram um amor contagiante. 
       Com relação ao luto, mostra claramente as dificuldades de enfrentamento do casal, cada um à sua maneira. Dentre os sentimentos que aparecem estão a negação, a revolta, a raiva e a depressão. Além disso, traz a tona questões de religiosidade versus ceticismo, as ferramentas que as pessoas lançam mão, para significarem uma perda, a busca de um entendimento para o trágico, a tentativa de aceitação em paradoxo com a falta de sentido para o ocorrido. Enquanto de um lado, um dos personagens acredita e tenta se apegar no místico, no sagrado, o outro se revolta com a impossibilidade da cura, com a falta de recursos científicos e com tudo o que isto envolve. 
        O ser humano convive com a ideia da morte, está ciente que ela ocorrerá consigo e com seus entes queridos, no entanto, nunca é um processo fácil de passar, principalmente quando se perde um grande amor e um filho, para uma mãe e um pai representa a quebra de uma sequência esperada, nenhuma mãe ou pai espera enterrar o seu filho. 
              A literatura que trata desse assunto traz que, em um processo de luto funcional, o primeiro passo é a aceitação da realidade da morte, seguido da importância de compartilhar o sentimento da perda com as demais pessoas envolvidas (familiares), ou seja, falar sobre o assunto para que, desta forma, haja a elaboração das emoções provenientes da perda, havendo um suporte mútuo. O ajuste do ambiente é o passo seguinte nesse processo, novas tarefas serão exigidas, desde mudanças do ambiente físico, da rotina, entre outras adaptações e por fim, a permissão e o reinvestimento em outras relações e em outros projetos de vida para todos da família. 
        Este é um filme que mostra toda a dificuldade que está envolvida em uma situação trágica, como a perda de um filho. Cada pessoa e cada família terá recursos próprios para enfrentar situações como essas, e cabe aos profissionais da saúde poder auxiliá-los neste processo, ajudando-os a encontrarem outras razões para seguirem suas vidas, investindo em novos planos e em si próprios.
                   
                  É um filme emocionante, vale a pena assistir!

             Compartilho com vocês, a parte em que os personagens cantam uma música, em que a letra é bastante significativa no contexto.

                   

     


  Cristina Fiad Aragonez        

Philomena: Uma História de Reparação

Philomena é um filme cativante e comovente. Dirigido por Stephen Frears, com Judi Dench, Steve Coogan e Sophie Kennedy Clark. Foi gravado com base em um livro escrito por Martin Sixmith, um jornalista que participa da história ao lado da protagonista em busca de seu filho.
Philomena é uma irlandesa que fica grávida em sua adolescência, e como punição, é colocada em um convento por seu pai. Enquanto ela trabalhava em condições desumanas neste local, seu filho Anthony, aos 3 anos, é vendido. Ela, por vivenciar o fato como um pecado, guarda este segredo por 50 anos.
Ao longo trama, somos convidados a acompanhar a busca de Philomena, já idosa, por seu filho. Ela traz culpas e arrependimentos, e ao mesmo tempo se mostra muito resiliente diante da realidade vivida e do sofrimento que sempre a acompanhou.
Nesta procura, recebe a ajuda do jornalista Martin que, recém demitido do emprego, vê na história de Philomena uma alternativa para escrever e alavancar sua carreira. Os dois criam um significativo laço afetivo, chegando a construir uma cumplicidade onde cada um preocupa-se em cuidar do outro. Cada um aprende com o outro a ampliar seus limites, ao longo das pesquisas e descobertas.
Essa doce senhora, ingênua e inteligente, em um momento muito difícil de sua vida, opta pelo perdão ao invés do rancor; ela passa por um processo de luto bastante sofrido, porém o ódio não tem espaço em sua vida. Philomena toca o coração de quem embarca em sua triste e emocionante história.

Betina Forgearini

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Relação dos Adolescentes com o Álcool


Interessante e ao mesmo tempo preocupante a matéria Meu Filho (Não) Bebe, veiculada no jornal  Zero Hora  em 04 de maio de 2014, pág 43, a qual traz um panorama do que acontece nas "noites" de Porto Alegre envolvendo adolescentes e bebida alcoólica. Esse comportamento justifica o fato da capital gaúcha ter se transformado na campeã brasileira de consumo de álcool por adolescentes na faixa de 13 a 15 anos. O alcoolismo constitui-se  numa séria questão de saúde pública em nosso país, e quanto mais cedo nossos jovens começam a beber, mais chances há de se agravar e intensificar esse quadro. O álcool  pode também comprometer o desenvolvimento cerebral pois na adolescência o cérebro está  em crucial formação. Outra constatação de relevância é o quanto esses jovens se expõem e tornam-se vulneráveis através do consumo exagerado e imprudente do álcool.  Em muitas situações os adolescentes acabam passando mal, inclusive em coma alcoólico, antes mesmo de entrarem na festa e então permanecem nas ruas e calçadas à mercê do cuidado de colegas, também embriagados. Percebe-se, como pano de fundo,  a irresponsabilidade  de adultos que vendem bebida alcoólica para menores, ignorando o fato desse ato ser considerado crime pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e também a negligência dos pais que entregam seus filhos a sua própria sorte.
Compartilho com vocês o link da reportagem referida: Meu Filho (não) bebe



Marlei Bonissoni

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Violência Psíquica Virtual e o Papel da Família

É inegável que a internet é de grande importância na atualidade. Ao mesmo tempo, é muito comum encontrar pais de crianças e adolescentes inseguros sobre como agir em relação ao acesso à internet para seus filhos.
Pensando em questões de família, há um fator geracional que pode trazer problemas de hierarquia, uma vez que é comum que os filhos tenham mais conhecimento e habilidades na web do que seus pais. É essencial que o diálogo seja uma ferramenta sempre presente, para que os pais possam alertar os filhos quanto aos riscos que a facilidade de acesso a tecnologias apresenta, e também para que crianças e adolescentes tenham mais segurança em seu acesso, evitando exposições inadequadas para sua idade, assim como outras formas de violência.
Existem programas para controle parental que filtram o que o filho pode ver ou instalar, os pais podem monitorar o que o filho acessa. São programas que podem ter seus filtros burlados se o filho tem conhecimento sobre proxies, e por esta razão repetimos a importância do diálogo antes do “controle”. O jovem precisa entender este monitoramento como uma forma de proteção, e não como uma espionagem, e os pais precisam respeitar a privacidade dos filhos.
O ideal é que haja uma inclusão digital de toda a família, de forma que se crie uma cultura de proteção e uso ético da rede.
Existem alguns cuidados importantes a serem tomados: o jovem precisa intercalar atividades físicas, de lazer, passeios com a família, leitura de livros, etc., ao uso da internet; a família deve estar atenta à classificação etária dos jogos de preferência dos filhos, bem como se há violência ou cenas impróprias; durante momentos em família é importante que equipamentos digitais estejam desligados para valorizar a interação entre os membros da família.
Existem diversas formas de violência virtual: troca de mensagens violentas, envio de ofensas, ameaças, publicação de vídeos agressivos, expulsão de adolescentes de um grupo, invasão de e-mail, identidade falsificada, roubo de perfis, ciberbullying, sexting, entre outras. Existem locais para fazer a denúncia, um deles é o Disque 100 (para fazer denúncia de qualquer violação de direitos humanos), e outra opção é a Safernet (Central Brasileira de Crimes Cibernéticos <prevenção@safernet.org.br>).
Em geral é alto o nível de estresse nas vítimas de violência psíquica virtual. Estas crianças ou adolescentes apresentam sintomas físicos, psicossomáticos e emocionais, e é importante que os pais estejam atentos a estes sinais. É fundamental que possam buscar ajuda especializada para seus filhos nestes casos, bem como ajuda na área legal para fazer a denúncia.
Com base nestas informações, fica clara a importância do diálogo na família. Desta forma os pais estarão mais seguros em relação a seu papel, e os filhos em mais protegidos de ameaças e violência virtual.

Betina Casanova Forgearini[1][2]



[1][1] Texto baseado em matéria da Revista Psique (Editora Escala), edição nº 76, pela psicóloga Ana Maria de Albuquerque Lima.
[2] Psicóloga, psicoterapeuta individual, de casal e família. Membro do Núcleo de Produção Científica – DOMUS.


Família e Drogadição

O indivíduo pertence, desde o seu nascimento, a um contexto social que, na grande maioria dos casos, é a família. É nessa unidade social que o ser humano vivencia as primeiras relações de amor, que aprende a amar e ser amado, a expressar seu afeto, a entender o que é confiar no outro. É nela que deposita suas angústias e ansiedades, buscando o amparo para seus momentos de dor.
Inicialmente, os estudos sobre dependência química focalizavam no indivíduo, não levando em conta a importância e o envolvimento da família neste processo. Atualmente, considerando-se que a etiologia da dependência química é multicausal e que a maior parte dos usuários mantêm vínculos familiares, torna-se necessário associar a prevenção ao uso de drogas com o contexto familiar. Para que o usuário mude seu comportamento, o sistema familiar deve mudar. Desta forma, é essencial que o tratamento da dependência proporcione uma mudança no meio ambiente do usuário. O tratamento que modifica um indivíduo deve produzir também efeitos sobre seu sistema interpessoal. Se não ocorre a mudança neste sistema, diminuem as probabilidades de cura, pois poderá haver uma pressão considerável sobre este membro para que retorne à situação anterior.
É fundamental que a família participe ativa e funcionalmente, tornando-se competente em buscar recursos para efetivar a prevenção e/ou constituindo uma fonte de ajuda no tratamento da dependência, a fim de que este processo se torne mais eficiente e produtivo.
A participação da famííla no tratamento favorece a adesão do dependente ao tratamento, propicia mudanças de comportamento, evita recaídas, aumenta os períodos de abstinência e melhora a relação famíliar. Estudos realizados em várias partes do mundo apontam para a necessidade da conscientização da família como parte integrante no processo do uso de substâncias e, por essa razão, integrante também do processo de mudança e recuperação, além de poder exercer uma prevenção contínua e evolutiva através de laços familiares fortes e seguros.
                                                                                                                        
Helena Centeno Hintz [i][ii]


[i]Texto completo encontra-se no Boletim IPPAD – maio 2012 ou no site www.domusterapia.com.br - Núcleos de Estudo: Família e Drogadição 

[ii] Psicóloga, psicoterapeuta individual, de casal e família. Membro da Coordenação do DOMUS – Centro de Terapia de Casal e Família. Editora da Revista Pensando Famílias. Presidente da Associação Gaúcha de Terapia Familiar- gestões 2002/2004; 2008/2010. Associada do IPPAD.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Livro: COMPROMETIDA - Uma História de Amor

(Elizabeth Gilbert. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010)

Elizabeth Gilbert, no livro Comer, Rezar, Amar, conta a história de suas viagens pelo mundo após um divórcio bastante sofrido. No final desta obra, onde se identifica como Liz, relata como conheceu Felipe, um brasileiro com cidadania australiana, por quem se apaixonou. Ambos iniciaram uma vida juntos, após divórcios traumáticos, e em razão destas experiências dolorosas, pactuaram jamais se casar. 
De forma descontraída, de leitura agradável e envolvente, no livro Comprometida: uma história de amor, a autora traz a continuação desta historia. Conta como o casal que, por pressão do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, precisou enfrentar seu maior fantasma: o casamento. Em razão das limitações do visto de Felipe, apenas através de uma união legal seria possível construírem uma vida juntos, em solo americano.
Liz, com importante aversão à ideia, começou a fazer estudos sobre o tema. Através de conversas e leituras (científicas ou não) relacionadas a casamento, intimidade, sexualidade, fidelidade, divórcio, família, responsabilidade e autonomia, bem como muita observação de casais em diferentes contextos, perseguiu um objetivo: o de aceitar a ideia do casamento, que era uma realidade inevitável.
Inicia com o relato de uma experiência no Vietnã, onde causou muita estranheza no grupo de mulheres com quem conversava ao questionar sobre apaixonar-se pelo cônjuge, escolha do marido ou casamento feliz. Destaca um ponto importante: na sociedade ocidental, transformamos o casamento em um árduo trabalho ao depositarmos todas as expectativas de felicidade nas mãos de uma mera pessoa.
Faz uma caminhada através da história do casamento e do divórcio em diferentes culturas, incluindo aspectos de religiosidade e política. A igreja, apenas a partir do século XIII, envolveu-se na questão do matrimônio. E pontua, ao longo dos anos, as diversas tentativas de controle do estado através desta união. Chama atenção para o fato de o casamento ser a única instituição que foge ao controle das autoridades, governo, igreja, visto que estes não têm acesso ao que ocorre na intimidade do casal.
Gilbert discute aspectos do recasamento e da importância de um período de “noivado” que viveram para discussão de questões e dificuldades do casamento que estava por acontecer. Utiliza-se de uma pesquisa científica que descreve fatores de resistência conjugal para avaliar o sucesso de sua relação. Ao longo das páginas, traz momentos do casal, em que discutiam sobre o que se aproximava e estudavam suas possibilidades de futuro.
Comprometida é uma bela história de amor, permeada de humor e conhecimentos históricos e científicos. Leitura indispensável para aqueles que trabalham com casais, para aqueles que têm uma vida de casal e para aqueles que simplesmente se interessam pelo tema.
Betina Casanova Forgearini

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Filme Medianeras


Medianeras é um filme Argentino que fala de uma forma bem particular de relacionamentos e da falta deles... Se trata de duas pessoas que não se conhecem,  que moram na mesma cidade, uma cidade grande, cheia de gente, de lugares para ir e de programas para fazer, mas mesmo com tanta oferta, existe um vazío muito grande que arrebata essas duas almas. No filme eles se questionam sobre muitas questões, sobre suas vidas, sobre o lugar onde moram e como vivem.
É um filme intimista porque convida o telespectador a pensar sobre as relações que as pessoas estabelecem entre si e mais ainda sobre o estar sozinho e sentir-se sozinho. Talvez esse seja o grande medo de todos, a solidão é um dos fantasmas que mais assombram as pessoas hoje em dia, fazem as mesmas permanecerem em relações fracassadas ou se comprometerem com pessoas que não as emocionam e tampouco as arrepiam. E o fato de estarmos constantemente conectados seja um dos principais sintomas disso, temos à nossa disposição muitas redes sociais que a internet nos proporciona para não nos sentirmos tão sozinhos, mas será que isso não nos distancia das pessoas? Um paradoxo. Essas redes proporcionam construírmos, ainda mais, imagens de nós mesmos que muitas vezes não condizem com a realidade e assim vai se perdendo o que é autêntico e espontâneo.
É encantador os possíveis encontros ou desencontros dos personagens, pois passa a sensação (que é verdadeira) de não sabermos quem são as pessoas que passam por nós e quem poderiam ser... porém, uma das minhas partes preferidas do filme, é a ideia das “Medianeras”, em que eles se referem àquelas partes laterais dos prédios, que não é a frente, nem o fundo, e sim aquele espaço que fica entre essas duas posições e que raramente tem algum detalhe, parece uma parede grande e que frequentemente é usada para anúncios publicitários. 
As “medianeras”, segundo o filme, significa aquilo que está entre os acontecimentos importantes, aquilo que passa com a gente e não nos damos conta, o dia-a-dia, o automático, o que não valorizamos e que nem reconhecemos, as horas que passam, a rotina, o que não tem graça, as nossas neuroses e o desejo de desfazer-se delas. Além disso, o que mais toca é que não importa a história que está sendo contada, em que contexto ela acontece e quem são as pessoas que estão envolvidas, a busca sempre é a mesma, o verdadeiro amor, aquele que te causa eletricidade, que te inspira e que acima de tudo combina contigo.
A trilha sonora que embala o filme é “True love will find you in the end” de Daniel Johnston (vale a pena escutar!) o que trás uma esperança em meio tantas frustrações e medos a respeito dessa busca incansável de encontrar finalmente o “Wally” da sua vida.   
Cristina Aragonez